HIPERTENSÃO E EXERCÍCIO FÍSICO.

16/06/2014 10:19

 

 

HIPERTENSÃO 

 

Atualmente, a hipertensão atinge em média de 30% da população brasileira, chegando a mais de 50% na terceira idade e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil, é responsável por 40% dos infartos, 80% dos acidentes vascular cerebral (AVC) e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. No mundo, de acordo com a OMS, cerca de 7 milhões de pessoas morrem a cada ano e 1,5 bilhão, adoecem por causa da pressão alta. As graves consequências da doença podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento. Porém, cerca de 50% dos hipertensos não sabem que tem a doença, dos que tem conhecimento apenas 25% aderem ao tratamento, explica a Dra. Frida Plavnik, diretora científica da Sociedade Brasileira de Hipertensão.  

Mas, o que é a Hipertensão¿ Popularmente conhecida como “pressão alta”, está relacionada com a força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular por todo o corpo. O estreitamento das artérias aumenta a necessidade do coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta. Como consequência, a hipertensão dilata o coração e danifica as artérias. Os valores da pressão arterial não são sempre os mesmos durante o dia. Geralmente caem, quando dormimos ou estamos relaxados, e sobem com a atividade física, agitação, estresse. Considera-se hipertensa a pessoa que, medindo a pressão arterial em repouso, apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9 (140mmHg X 90mmHg). Hipertensos têm maior propensão para apresentar comprometimentos vasculares, tanto cerebrais, quanto cardíacos. 

Sintomas 

Hipertensão arterial é doença traiçoeira, só provoca sintomas em fases muito avançadas ou quando a pressão arterial aumenta de forma abrupta e exagerada. Algumas pessoas, porém, podem apresentar sintomas, como dores de cabeça, no peito e tonturas, entre outros, que representam um sinal de alerta. 

Tratamento 

O objetivo do tratamento deve ser não deixar a pressão ultrapassar os valores de 12 por 8. Nos casos de hipertensão leve, com a mínima entre 9 e 10, tenta-se primeiro o tratamento não medicamentoso, que é muito importante e envolve mudanças nos hábitos de vida. A pessoa precisa praticar exercícios físicos, não exagerar no sal e na bebida alcoólica, controlar o estresse e o peso, levar vida saudável, enfim. Como existe nítida relação entre pressão alta e aumento do peso corporal, perder 10% do peso corpóreo é uma forma eficaz de reduzir os níveis da pressão. Por exemplo, a cada 1kg de peso eliminado, a pressão do hipertenso cai de 1,3mmHg a 1,6mmHg em média. É sempre possível controlar a pressão arterial desde que haja adesão ao tratamento. 

 

Intervenção do Profissional de Educação Física na Hipertensão 

 

O AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (2000) coloca que a prescrição de atividades físicas deve primar por aquelas que visem à melhora da condição aeróbia e de força muscular. Indivíduos hipertensos, porém, necessitam de uma análise que leve em consideração as especificidades de sua patologia, no que diz respeito ao sucesso do procedimento e da segurança oferecida a este organismo. 

A análise dos sinais vitais durante a atividade física usa normalmente como parâmetro qualitativo e de segurança cardiovascular, a frequência cardíaca e a pressão arterial, de forma isolada ou conjunta, dos indivíduos submetidos ao procedimento. Entretanto para indivíduos hipertensos (assim como para outras faixas populacionais como idosos, diabéticos, obesosetc), se faz necessário a análise de um terceiro fator: o duplo-produto (DP). O DP é definido como produto entre frequência cardíaca e pressão arterial sistólica (FC X PAS) (FARINATTI & LEITE, 2003). O DP tem forte correlação com o consumo de oxigênio do miocárdio apresentando-se como o melhor preditor indireto do esforço cardiovascular devendo ser usado como parâmetro de segurança do sistema cardiovascular (FARINATTI E ASSIS, 2000). 

 
Segurança Cardiovascular 

Aparentemente a sobrecarga imposta ao miocárdio tende a depender mais do tempo do exercício do que da carga em si. Assim sendo, exercícios contra resistência envolvendo cargas altas e poucas repetições, implicaria em menor trabalho cardíaco do que exercícios envolvendo cargas menores com maior número de repetições, como exercícios aeróbios. Estudo conduzido por FARINATTI & ASSIS em 2000 comparou o DP encontrado frente a diferentes solicitações (1 RM; 6RM; 20RM; exercício aeróbio de 5 min; 10min; 15min; e 20 min), e concluiu que, segundo a análise do DP, exercícios dinâmicos contra resistência parecem acarretar menores solicitações cardíacas que exercícios aeróbios, e que o número de repetições parece ter influência maior do que a carga absoluta mobilizada. Já para o exercício aeróbio a intensidade parece ser o fator mais influente. Exercícios resistidos diversos também acarretam diferentes respostas cardiovasculares. 

De forma aguda, ocorre um efeito hipotensivo pós-exercício que pode perdurar de alguns minutos até algumas horas subsequentemente ao término do exercício. Dados indicam que um menor número de repetições, mesmo com cargas relativamente altas, (6 RM), acarreta diminuição na PAS pós-exercício, mantendo este efeito por um tempo prolongado. Já para a pressão arterial diastólica (PAD), um número maior de repetições, com cargas menos intensas (12 repetições com 50% de 6RM), gera maior diminuição pós-esforço. Estes dados, entretanto, não são consenso dentro da literatura (POLITO; SIMÃO; SENNA & FARINATTI; 2003). 

É fato que os exercícios aeróbios podem em médio e longo prazo reduzir a pressão, tanto sistólica quanto diastólica, em uma média de 10 mmhg. Entretanto deve-se levar em consideração que a redução de níveis pressóricos não depende necessariamente de treinamento aeróbio de intensidade alta, e que exercícios de força estão mais associados com as necessidades cotidianas das pessoas (FARINATTI 2002). 

Conclui-se que o controle da atividade física direcionada ao hipertenso deve levar em consideração diversos fatores de forma aguda e crônica, e estar realmente associada com a vida rotineira destes indivíduos. O treinamento físico deve, entre outras coisas, preparar as pessoas para viverem de forma melhor e mais hábil. 
Os exercícios de força além de potencializarem a conquista deste objetivo, têm grande segurança cardiovascular para indivíduos hipertensos, deste que bem controlados e orientados. 

 

Recomendações para um Hipertenso: 

Não pense que basta tomar os remédios para resolver seu problema de pressão arterial elevada. Você precisa também promover algumas mudanças no seu estilo de vida; 

* Coma sal com moderação. Ele é um mineral importante para o organismo e não deve ser eliminado da dieta dos hipertensos. Esqueça, porém, do saleiro depois que colocou a comida no prato e evite os alimentos processados que, em geral, contêm mais sal. Precisam tomar muito cuidado com a ingestão de os negros, as pessoas com mais de 65 anos de idade e os portadores de diabetes porque são mais sensíveis ao mecanismo de ação do sal.; 

* Adote dieta rica em frutas, cereais integrais e laticínios com baixo teor de gordura. Assim, você estará ingerindo menos sódio e mais potássio, cálcio e magnésio, nutrientes necessários para quem precisa baixar a pressão; 

* Não fume. Entre outros danos ao organismo, o cigarro estreita o calibre das artérias, o que dificulta ainda mais a circulação do sangue; 

* Saiba que o estresse pode aumentar a pressão arterial. Atividade física, técnicas de relaxamento, psicoterapia podem contribuir para o controle do estresse e da pressão arterial; 

* Não interrompa o uso da medicação nem diminua a dosagem por sua conta. Siga as indicações de seu médico e tome os remédios rigorosamente nos horários prescritos; 

* Meça a pressão arterial com regularidade e anote os valores para que seu médico possa avaliar a eficácia do tratamento; 

* Não esqueça que hipertensão é uma doença crônica e que complicações podem ser prevenidas com o uso de drogas anti-hipertensivas e mudanças no estilo de vida. 

 

 

SUS - EDUCAÇÃO FÍSICA 

 

O Ministério da Saúde (MS), atento aos fatores determinantes de saúde e principalmente aos altos índices de sedentarismo no Brasil,incluiu a atividade física no Sistema Único de Saúde (SUS), como fator primordial para melhorar a qualidade de vida da população. Iniciou assim uma série de ações parapromoção da saúde e prevenção de doenças através do exercício físico,e incorporou os Profissionais de Educação Física no quadro de profissionais da Saúde. Desde então, o MS salientou a importância da prática de atividade física, principalmente com a divulgação daPolítica Nacional de Promoção da Saúde(2006).  

Em 2008, cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), onde o profissional de Educação Física passa a trabalhar diretamente no SUS, dentro das Unidades de Básica à Saúde, mais especificamente nas Unidades com Estratégia de Saúde da Família, onde desenvolvem um trabalho multidisciplinar, em parceria com outras categorias profissionais. Em 2011, o MS, pensando na qualidade da atividade física quando dinamizada pelo profissional de Educação Física e em mais uma estratégia para fortalecer as ações de melhoria de qualidade de vida da população, criou aAcademia da Saúde, programa voltado para estimular a prática regular de exercício físico, visandomudança de hábitos e adoção de estilo de vida ativo. 

É o educador físico na área da saúde que tem a capacidade de desenvolver atividades que proporcionem melhora no individuo como um todo, e quando essa iniciativa é pública, torna-se mais acessível aos indivíduos uma vez que a maior parte da população não possui recursos para o acesso de práticas físicas oferecidas pelo setor privado.

 

Viva Saudável e VIVA ATIVO!

Ficou curioso (a)? Maiores informações: https://drauziovarella.com.br/hipertensao/hipertensao/

https://www.gease.pro.br/artigo_visualizar.php?id=165

Por Andrezza Alice, aluna da Universidade de Pernambuco.